A Paz! Para quem não me conhece sou o Diógenes, tenho 34 anos. Sou paraense de nascença, mas mineiro de criação. Fiz meus primeiros votos na Comunidade do Caminho Novo em 2012. Sou administrador de formação, estudei filosofia no Faculdade Jesuíta de Paris, e atualmente curso Teologia na Universidade Católica de Lyon, na França. Hoje, estou fazendo um intercâmbio de seis meses nas Filipinas, na Loyola School of Theology. Uma super experiência da fidelidade e da providência do Senhor!
Esta não é a minha primeira passagem pelas Filipinas. Em 2013, fui o primeiro — e, à época, o único — irmão da nossa comunidade a ser enviado para cá. Passei um ano aqui e desde então, criei um carinho especial por esta terra. Quando surgiu a possibilidade de retornar por meio do intercâmbio universitário, pedi para vir. A comunidade se organizou para tornar isso possível, e sou muito grato por essa oportunidade.
Um país católico e missionário
As Filipinas são o único país de maioria católica na Ásia, o que faz deste lugar um importante centro de formação e missão. Muitas comunidades religiosas enviam seus membros para se formarem aqui. Ao mesmo tempo, é uma terra onde a dimensão missionária está muito presente — tanto no aspecto social quanto no educativo e pastoral. Minha missão principal aqui é estudar, mas estou também engajado em outras atividades, como o cuidado do jardim da casa, animação do grupo de oração e, principalmente, o acompanhamento do grupo Community Service (Serviço Comunitário).
O grupo é formado por adolescentes entre 12 e 16 anos, que recebem bolsas de estudo e reforço escolar durante a semana. Nos sábados, eles tem um tempo para partilhar o que receberam : cuidam das crianças menores, fazem pinturas, ajudam na limpeza e organização dos espaços. O objetivo principal é permitir que eles se doem, de forma concreta.
Mais que servir: crescer
Chegando aqui, percebi que havia um foco muito forte nas atividades práticas de serviço, mas eu queria ir mais longe com eles. Com o apoio da irmã Marino, responsável pela missão, começamos a introduzir outras dimensões: oração, jogos (onde eles assumem responsabilidades), momentos de formação e partilha. Iniciamos atividades em que os próprios jovens lideram, “tomam a frente”. E graças a Deus já temos notado os frutos é visível em termos de confiança em si e responsabilidade. Eles estão crescendo.
Grande parte desses adolescentes vive em situação de precariedade, com pouca ou nenhuma estrutura familiar. A maioria tem dificuldade de acreditar em si mesmos. Dar esse espaço para que eles se expressem é muito importante. Recentemente, por exemplo, duas meninas que são muito tímidas de costume, deram um pequeno ensinamento sobre boas práticas e convivência para 70 outras crianças. Foi um momento simples, mas cheio de significado. Ver esse tipo de transformação é algo que me alegra profundamente.
Encontro de culturas e carismas
Estar aqui também é viver um ambiente multicultural. Para cada novo encontro, é preciso saber o nome, o sobrenome, o país e a comunidade da pessoa. Cada apresentação é um ritual, mas é sempre uma riqueza muito grande: encontramos diferentes carismas, partilhamos as missões e dificuldades de cada comunidade em missão por aqui. Algumas comunidades também colaboram conosco, oferecendo presença e apoio nas missões. Esse intercâmbio de experiências também tem sido muito valioso.
Outra providência é que encontrei um grupo de trinta missionários brasileiros atuando aqui nas Filipinas. Somos de diversas comunidades: pavonianos, a Comunidade Shalom, irmãs salesianas, Jesuítas, Irmãs Pobres Servas da Divina Providência entre outros. Temos alguns encontros no ano e essa convivência nos ajuda a compreender melhor a realidade de ser brasileiro em missão.
Vida fraterna
Atualmente, vivo em numa “república de estudantes”, os famosos “foyers” da comunidade. Mas a realidade da casa aqui é diferente da que vivemos em outros países, acolhemos os estudantes, temos nossas missões sociais e somos uma casa de formação para irmãos e irmãs da comunidade.
Durante o ano eles são oito na fraternidade comunitária: um irmã filipina, duas irmãs mauricianas, a nossa irmã Claire da França, dois franceses, um padre belga.Também contamos com a colaboração de cerca de dez voluntários filipinos e franceses que dão de 6 meses a um ano de serviço para a missão social. Pode parecer muito, mas é sempre bem apertado quando temos que cuidar de uma centena de crianças, mais uma centena de estudantes. Graças a Deus, aos poucos, vamos partilhando com esse pequeno mundo as bençãos que recebemos.
No tempo e no lugar certos
Posso dizer que estou feliz de estar aqui. Tenho aquela sensação de estar no lugar certo, na hora certa. Claro que temos desafios — sempre temos —, mas me sinto profundamente ligado a esta realidade. Agradeço a Deus por essa missão e pela possibilidade de viver meu chamado de maneira tão concreta. Aqui, tudo precisa ser criado, pensado, construído e isso é, ao mesmo tempo, exigente e fecundo.
Entre todas as missões, trabalhar com os jovens é, sem dúvida, a que mais me tocou. Testemunhar seus primeiros encontros com Deus, ver seus passos de abertura, de descoberta, de crescimento é algo que me dá muita alegria. E acredito que essa experiência continue sendo verdadeira aqui. É isso que me move, que alimenta minha vocação e que me faz, a cada sábado, agradecer por estar vivendo essa missão. Um abraço apertado para todos vocês!
Centro Internacional de Formação de Tibériade
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